quinta-feira, 5 de junho de 2014

Das prioridades e dos sonhos desta vida

Às vezes dou por mim a pensar como seria a minha vida se trabalhasse em casa. Como seria o meu dia-a-dia. Como seria passar toda a vida por casa.
De uma coisa tenho a certeza: era importante ter “uma agenda” muito bem definida e cimentada, com projectos e to do lists.
O pequeno-almoço seria sempre em casa, sempre. Teria de ter um espaço na casa a que chamasse escritório. A meio da manhã podia ir tomar um cafezinho fora, apanhar um bocadinho de sol, conversar com alguém que visse, ler umas páginas do jornal. Depois o trabalho retomava. Fazia o meu almoço e podia comer de forma mais saudável. Lanchava em casa, espreguiçava-me na varanda do escritório, punha a roupa a lavar e a estender. Pensava no jantar com calma. Fazia uma sobremesa boa. Dava uma caminhava antes do pôr-do-sol e do marido chegar.
Depois penso: e faria o quê em casa? Perderia todo o tempo a ler blogues? A ver imagens lindas? Pois. Isso não podia acontecer. Tinha de me organizar e estabelecer meticulosamente horários para lazer e horários para trabalhar.
Depois penso: mas o que realmente farias em casa? Tu, que ainda não tens filhos? Tu, quem nem um negócio tens?
Mas tenho ideias. Muitas ideias. E sonhos. Ah, os sonhos que me seguem e me permitem viver assim, de forma feliz e esperançada.
Admiro, respeito, idolatro as mulheres que decidem ser mães a tempo inteiro. Que se despedem muitas das vezes. Que têm coragem de arriscar, de abandonar a vida carregada de pressas. Que se dedicam de corpo e alma à profissão fantástica que deve ser o ser mãe. Que vão levar e trazer os filhos à escola. Que estão lá, sempre lá, para eles e para o marido. Que se reinventam.
Às vezes penso nisto. Só às vezes, naqueles dias em que o stress aperta, em que o ambiente de trabalho não é bom. Só às vezes.
Depois penso que gosto de sair de casa. Que sempre quis um trabalho assim, de escritório, e fábrica, e produção, e fornecedores, e salário ao fim do mês. Penso que a segurança disto dá-nos também esta liberdade de sonhar. Que por estar bem é que me posso dar ao luxo de pensar em coisas boas.
E como eu gosto de sonhar!
 
 
 

1 comentário:

Raquel Caldevilla disse...

Trabalhar em casa tem as suas coisas boas, sem dúvida. Podes definir horários e fazer das tuas horas aquilo que decidires. Mas tem muitas coisas menos boas, acredita. Nem sempre dá para o café do meio da manhã. Nem sempre consegues fazer o almoço com calma, estender a roupa ou dedicares-te àquilo que queres. Nem sempre o tempo é teu, como querias que fosse. Por isso é que digo: trabalhar em casa é bom, mas para quem consegue!