segunda-feira, 28 de outubro de 2013

JUST A PERFECT DAY




Ontem foi dia de ir à aldeia. Foi dia de cheirar as flores do campo; de trazer uma abóbora para o Halloween (depois mostro o resultado); de acariciar muito o nosso gato que tem muitos nomes; de ouvir o canto dos galos; de ir buscar os ovos ao galinheiro; de ver crescer os patos que chafurdavam na água; de tentar apanhar castanhas (que castanheiro!) sem magoar as mãos; de observar a dedicação do meu pai no campo e de todo o amor que ele impregna naquelas plantas; de observar a minha mãe em volta dos tachos e panelas no fogão de lenha (sim, é verdade, a minha mãe só cozinha a lenha); de comer aquele feijão e aquela carne maravilhosa; de inspirar e voltar a inspirar o ar puro e sincero daquele lugar que, apesar de estar mais ou menos perto do Porto, continua quase intocável; de entrar naquela casa cheia de portas e janelas e muitas entradas e portões; de nos sentarmos cá fora, ao sol, a falar sobre nada em especial; de abraçar primos e tios que já não via há tanto tempo; de perceber que continuam todos felizes; de ver os primos tão crescidos, caramba, como crescem; de ouvir sempre a minha avó dizer “estás magrinha!”, quando na verdade não estou; de sentir que o lugar onde nasci e cresci e do qual saí para numa cidade viver continua igual. E isso é bom. É como um refúgio.

Claro que depois é bom regressar à nossa casa; ao murmúrio do trânsito; às pessoas desconhecidas; ao nosso quarto andar; à nossa única porta; às nossa séries; àquela rotina boa. Preparar a semana que se segue. Observar cuidadosamente a agenda. Escrever e completar tarefas. Esperar que a chuva passe (precisamos que a chuva passe) para que o nosso projecto comece.

Foi um Perfect Day, como dizia e bem Lou Reed!

Sem comentários: