quinta-feira, 31 de março de 2016

Hoje Março acaba e Abril começa amanhã

 
 
Apetece-me um chocolate com o café depois de almoço. Vou à máquina e tiro. A sala está vazia, não há fumo, não há barulho, não há ninguém. Só eu, o café e o chocolate. Nos 3 minutos que lá estou não penso no que Março me trouxe, mas penso no que Abril me vai trazer. Há uma coisa que faço várias vezes ao dia: desfolhar a agenda, escrever, apagar, voltar a escrever. Anotar, alinhavar, programar, planear. Planear deve ser a palavra que mais me define, e também aquela que mais me faz sofrer. Mas mesmo sabendo disso, não consigo ser diferente.
 
Então encontro para Abril:
 
Hidroterapia do cólon: já o fiz, há 2 anos atrás. A primeira vez que ouvi falar sobre isto foi no blogue e pessoa que adoro: Miss Kale. Podem ler mais sobre o tema aqui.
Um piquenique no Parque da Cidade: esperemos que o tempo nos ajude a tornar este dia ainda mais especial. Sei de uma pessoa que vai adorar: a nossa pequenina.
Sessão com a Mariana Sabido, nos jardins do “nosso” Palácio de Cristal: mais uma vez, espero que S. Pedro seja nosso amigo. Apenas fiz uma sessão, tinha a Sofia 5 meses. Conheci a maravilhosa Catarina da Ties e passeamos por Serralves. Desta vez, será a Mariana a fotografar-nos.
Vou cortar o cabelo. Não muito, que ele já é curto, mas dar-lhe um bocadinho mais de vida. Talvez pinte ou qualquer coisa….(é raro, mas tão raro pintar o cabelo. Acho que já não o faço há mais de 10 anos).
 
E ainda tem de sobrar tempo para:
 
Rir, amar, partilhar, voltar a rir, voltar a amar, abraçar.
Perder o medo que tenho da cozinha e tentar cozinhar mais.
Continuar com o programa a que me propus, perante o meu susto ao ver-me ao espelho, de rosto sem vitalidade, sem firmeza, sem tonicidade: usar todos os dias, mas todos os dias mesmo, os produtos da Anjelif.
 
Hoje Março acaba e Abril começa amanhã. Os dias estão maiores, mais quentes (hoje não, que está um frio polar desgraçado), mais mornos.
Hoje, como em todos os dias, penso na sorte que tenho.
 
 
Sofia, 12 meses, com os pés na casa nova, ainda em obras claro está!

sexta-feira, 18 de março de 2016

planear

 
 
A agenda abriu, soltaram-se todos os papéis, caiu tudo ao chão. A agenda, os papéis, um sonho recente que tinha. A agenda abriu e aquilo que tinha lá escrito e planeado desapareceu, levado pelo vento que irrompeu pela janela da sala ou, quem sabe, pelas lágrimas que escorreram pelo rosto.
Por vezes a vida é assim. Baralha-nos os dias, troca-nos as voltas, pára o carrossel que insistimos andar, muda-nos as horas do relógio, bloqueia-nos a estrada que estávamos a seguir. Mas a Natureza, a mãe Natureza, é a mais poderosa de todas as mães. Ela sabe o porquê de nos ter abrandado. Ela sabe que não era a hora, nem o momento. Ela é sabedoria e amor.
Achamos nós que controlamos a nossa vida, que planeamos tudo ao pormenor, que agendamos os momentos, os acontecimentos. Mas não. Obviamente que é bom e saudável planear, ter uma agenda organizada onde cabemos nós e os outros. Mas depois, depois há o inesperado. E para esse também temos de ter espaço, não só no papel mas também no coração.
A agenda abriu, soltaram-se todos os papéis, caiu tudo ao chão. Baixei-me, apanhei tudo e colei, bocado a bocado, na agenda que não se quer cheia.
 

terça-feira, 8 de março de 2016

contar




 
 
Ouvimos as histórias dele vezes sem conta. Muitas das vezes, quase sempre, estávamos os quatro sentados à mesa, depois de uma refeição cozinhada pelas mãos ásperas e doces da minha mãe. Passou anos a fio a trabalhar no Porto. Desde os 14 anos que percorria aquelas ruas da Boavista, entrando e saindo em dezenas de autocarros antes de chegar ao destino. De manhã, eu ouvia sempre o despertador tocar às 5h20, todos os dias, fosse verão ou inverno. À noite, muitas das vezes não o via, principalmente naqueles dias chuvosos de inverno em que o trânsito se acumulava tanto que os carros desligavam os motores. Quando chegava, já a minha mãe nos tinha deitado (antes já tinha feito os trabalhos de casa connosco, uma cópia e dois ditados, dado banho e o jantar). Mas nunca, nunca mesmo a minha mãe jantou sem ele chegar. Guardava esse momento para ele. Não faço ideia do que falavam à mesa, pois dormia no mais profundo dos sonos no quarto que partilhava com o meu irmão. Já mais crescidos, e cada um com o seu quarto, já podíamos ficar acordados até ele chegar e ouvir, sem cansar, as histórias que ele contava.
Ouvimos as histórias dele vezes sem conta. Muitas delas repetidas, já as sabia de cor, mas nem por isso deixava de ficar entusiasmada e ansiosa pelo final, quase sempre em gargalhada.
Hoje é dia da mulher, eu sei, mas também sei que a minha mãe é uma grande mulher porque tem o meu pai ao seu lado.

segunda-feira, 7 de março de 2016

amar

 
 
Sabia que iria ser assim. Um amor avassalador, uma dor constante, uma saudade que não se explica, um coração constantemente feliz.
A Vida trouxe-nos, nos seus braços, um presente grandioso que és tu, embrulhada em laços de ternura. O Universo está a observar-nos, as nossas rotinas, os nossos medos, as nossas falhas, as nossas conquistas. Esperamos sempre que a mão de Deus nos possa amparar nos momentos que mais precisamos. Rezamos sempre que nunca seja preciso muito amparo, apenas aquele suficiente para seguirmos a vida habitual.
Os dias correm, às vezes com os ponteiros rápidos demais, com os segundos a ultrapassar os minutos e o corrupio das horas numa dança lestra e descompassada.
O tempo é o que fazemos dele. E eu quero, quero muito, fazer com que este tempo que vivemos agora, o presente, o hoje, seja vivido de coração aberto, alma sossegada e esperança. Que os dias menos bons (na sexta-feira passada tive um dia menos bom), não ocupem o lugar dos dias bons. Que todas as frinchas sejam tapadas com sol e luz. E que a chuva sirva apenas para regar esta flor, de seu nome amor, que cresce nas nossas vidas. Tu.
 (Sofia, adormeceu nos meus braços, cabelos encaracolados de cor caramelo, olhos verdes ou cinzentos consoante o tempo ou o dia, mãos fofas, pela branca, macia, de cor rosa nas bochechas, respiração calma).

quinta-feira, 3 de março de 2016

viver

 
 
 
 
Os dias têm acontecido com a naturalidade natural da vida. Tento viver todos os dias da forma mais pausada possível. Todos os dias prometo a mim mesmo que vou escrever, porque escrever faz bem, e porque gosto de escrever. Mas não dá. O fim do dia chega e é mais um dia sem palavras. Não faz mal, não me preocupo com isso.
A nossa filha fez 1 ano. Está grande, linda. Sobretudo, saudável, que é o mais importante.
Continuamos a nossa caminhada para a casa nova. Já temos chão. O que seria da nossa vida sem um bom chão? Madeira, clarinha.
Na minha cabeceira, sempre que o sono não me atraiçoa, leio algumas páginas do livro “A coragem de ser imperfeito” da Brené Brown. Repito para mim mesma que não faz mal não saber tudo ou achar que podia ser melhor mãe, melhor filha, melhor mulher, melhor profissional, melhor, melhor, sempre melhor. Para quê? Na verdade, nunca somos suficientemente bons, mas tentamos, certo?
Não me queixo da falta de tempo (agora, que estou a aprender a viver num modo slow living, porque antes queixava-me). Quando chego a casa, a minha prioridade é brincar com a minha filha. É ouvir as gargalhadas que dá quando lhe faço cócegas. É vestir-me confortável e sentar-me no chão com ela. Quando o pai chega, não estou propriamente a mulher mais sedutora. Mas estou, seguramente, a mulher mais feliz.
 
Imagem retirada daqui e vale a pena ler o texto