terça-feira, 15 de novembro de 2016

terça-feira e ainda não nos conhecemos

Todos os dias nos conhecemos um bocadinho mais e melhor. Não sabemos tudo um do outro, e ainda bem. Fica magia e curiosidade, palavras tão essenciais numa relação.
Não importa os anos que estamos juntos. Os que namoramos. Os que casamos. Cada dia amanhece e cada dia nos ficamos a conhecer. E quando a Lua aparece e o dia acaba deitamo-nos com a sensação que ainda temos tanto para descobrir, moldar, aprender. Quando olho para ele a dormir, é quase como quando olho para a minha filha: gosto tanto de ti e ainda nada sei. E ainda bem que assim é.
Obviamente que há situações e sentimentos que antecipamos, percebemos. Mas assim como os dias não são todos iguais, também a vida e os obstáculos que nos colocam também não. E é aí, nos degraus que subimos e descemos no dia-a-dia que nos vamos conhecendo e aperfeiçoando.
Devemos escolher alguém para estar ao nosso lado que nos traga paz. Alguém que nos tenha visto chorar, chorar a sério, e nos tenha dado o ombro e aquela palavra capaz de parar os soluços e o ranho que por vezes escorre do nariz. Que nos tenha dado alento ou então aquela palavra mais severa mas tão essencial.
Todos os dias nos conhecemos um bocadinho mais e melhor. Não sabemos tudo um do outro, e ainda bem!

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

segunda-feira

Apaziguar a alma e a vida. Deixar entrar este início de semana com um sorriso, com uma atitude positiva. Permitir que o sol que S. Martinho nos oferece aqueça as mãos frias e a pele cansada. A semana passada foi repleta de desafios. Não muito bons. Doenças da mais pequenina, as chamadas viroses. Nada me assustam estas viroses que ela ganha. O que me assusta mesmo, é ela ser a menina mais difícil de tratar. Não comer e, principalmente, não beber o que deveria beber. De resto, tudo normal.
Apaziguar a alma e a vida. Lembrar-me que dentro de mim cresce um outro pequenino. Que me esqueço tantas e tantas vezes dele. Que prometo tirar fotos à barriga durante esta semana e escrever sobre este segundo maravilhoso momento.
Apaziguar a alma e a vida. E agradecer Àquele em quem confio e deposito, todos os dias, os meus maiores receios. Saber que Ele está lá, sempre, ao meu lado, ao nosso lado.
 


O nosso frigorigfico colorido com as folhas de Outono que apanhamos no jardim. No meio dos animais...
 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sobre os filhos, as relações, os dias difíceis e os dias assim assim

Sempre fui muito romântica. Via o mundo pintado de cor-de-rosa, com pinceladas de um arco iris que me acompanhava em todos os momentos. Sonhava com o casamento e filhos. Achava que iria ter sempre paciência para tudo e para todos. Que os dias seriam passados numa parva e saudável felicidade. Estão a ver aqueles anúncios na televisão onde está tudo feliz, bonito, mesas carregadas de boa comida, miúdos bem comportados, pais apaixonados? Pronto. Era assim que eu imaginava a minha vida. Tretas. Só tretas. Se não é a sopa da mãe ou da sogra e uma comida aquecida, bem que passávamos a semana a pizzas.
Ter filhos e manter uma relação de amor é um desafio. Nem sempre concordamos em tudo o que diz respeito à educação dos filhos. Há discussões, acertos, conversas chatas, opiniões distintas. Todos os dias nos é apresentado um desafio. Normalmente, um desafio difícil, daqueles problemas matemáticos que eu tinha de resolver na escola quando na verdade só me apetecia fazer poemas, composições e analisar Camões.
Se vale a pena? Claro que vale. Sabemos que vale a pena quando a vamos buscar à cama de manhã e sorri para nós. Ou quando nos estende a mão para a agarrarmos. Ou quando nos abraça. Sabemos que vale a pena quando ele, no meio dos lençóis, estende o pé para tocar no meu. Ou quando me abraça. Ou quando fazemos piadas sobre as situações e nos rimos juntos, em gargalhas que libertam a tensão. Sabemos que vale a pena quando sinto os pontapés na barriga deste rapaz que cresce dentro de mim. Quando ela nos pede para desenharmos o mano. Quando sabe e nunca mais se esqueceu do seu nome.
 
Seria ingrata se me queixasse da vida que tenho. Seria. Mas só peço um bocadinho mais de paciência naqueles momentos em que apetece atirar tudo às urtigas. Quando as urtigas nos picam, se colam nas nossas costas. Quando deixamos que a voz suba de tom. Nesses momentos, talvez um banho quente, um pijama lavado, um chá de camomila ajudem. É isso. É precisamente isso que vou fazer da próxima vez. E ouvir Minta & The Brook Trout.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O desespero das viroses: o início?

Foram 5 dias, apenas 5 dias. Mas pareceu-me 1 mês. Na quinta à noite a Sofia estava a arder em febre. Liguei ao pediatra que me disse para aguardar 24 a 48 horas e ir controlando. O Ben-u-ron parecia não fazer grande efeito. Os paninhos de água fria na cabeça iam aliviando, a temperatura dela e o nosso desespero. Começou a comer menos, muito menos, e era difícil beber alguma coisa. Sábado acordou bem disposta, brincou, comeu. À tarde voltou a febre e na madrugada de domingo retomaram as temperaturas altas. Domingo fomos ao hospital e tivemos o diagnóstico: nada de otites, amigdalites, infecções urinárias. Era uma afta na garganta. Viroses. As chamadas viroses que sempre desconhecemos, pois a miúda nunca nos tinha ficado doente.
A febre desapareceu. Ficou a tosse, muita tosse, falta de apetite e a má disposição para tudo. Só queria “nanar”, como ela diz, e dormiu horas, enquanto nós, um pouco desorientados, só queríamos que ela estivesse a fazer as asneiras do costume. A somar a isto, temos uma criança que recusa tudo o que é necessário fazer para ficar boa: medicamentos; soro; água do mar; supositórios; aspiração; termómetro; banho…ufff.
Hoje, à semelhança do dia que acordou bonito e com sol, também ela acordou melhor e nos fez sentir melhor. Bebeu o leite e tudo. Decidi deixá-la no infantário. A ver se a convivência a faz arrebitar um bocadinho.
No meio destes longos 5 dias, tive momentos maus. A inexperiência faz-me sentir perdida. Eu sei, claro que sei que as crianças ficam doentes e que, provavelmente, todos vocês já tiveram situações idênticas, ou piores. Mas senti-me tão inútil. Ainda para mais com uma barriga gigante e um bebé tão pequenino dentro dela a pedir-me descanso.
Está tudo mais calmo, muito mais calmo. Voltar à rotina dos dias ajuda. Agora é esperar que o apetite dela volte e os lápis de cor voltem a voar pela casa.