sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

LUCKY GIRL...ME

Estava no 12º ano. Estudava para os exames nacionais e tinhas aspirações de entrar na faculdade nesse ano, tinha eu 17 anos (entrei com 5 na escola).
O tempo era dividido entre alemão, português e inglês. O calor levava-me a ir várias vezes à cozinha beber água. E, quando ía, olhava pela janela e parecia que via o mundo a destilar. Imaginava que estava na praia, que viajava para um país qualquer de mochila às costas, que tinha amigos e amigas e, juntos e de guitarra às costas, ficávamos na praia até ao pôr-do-sol. Depois, depois regressava aos estudos, que é para não dizer “à terra”.
Quando estudava, afincadamente porque queria ter boa média, só imaginava que em Setembro estaria a viver em Coimbra, ou em Lisboa, ou na Covilhã, ou em Braga. Era para longe que iria concorrer, porque queria ter a experiência de viver fora de casa.
Pois quis o destino que eu entrasse no Porto. Pois. Em casa.

Lembrei-me disto porque estava a vaguear pelo Youtube, e a ouvir isto, que era basicamente o que eu ouvia naquelas tardes e noites quentes de 1997.

CARTA NÚMERO UM – A MINHA MÃE

A minha mãe não tem toalhas nem guardanapos de linho, mas a mesa está sempre farta de tudo e ninguém se importa com a cor dos pratos ou a marca dos talheres.
A minha mãe tem a 4º classe, mas sempre me ensinou que estudar me fazia bem. E fazia-me muitos ditados e mandava-me fazer cópias.
A minha mãe nunca me ofereceu um livro, mas mesmo com dificuldades sempre me comprou todos os livros da escola, novinhos em folha como eu gostava.
A minha mãe não conhece as regras de etiqueta, mas sabe receber sempre bem todos os tios, e tias, e primos e quem quer que apareça lá em casa.
A minha mãe tem 8 irmãos, e nunca se chateou com nenhum, nem com vizinhos, nem com ninguém.
A minha mãe nunca se queixa quando está doente, ou quando se queima no fogão, ou quando não lhe ligo, ou quando não a visito.
A minha mãe aprendeu a trabalhar no campo, a cuidar das galinhas, a fazer chouriços e fogueiras, para conseguir sustentar a casa que partilhava com aqueles 3 homens (marido, cunhado e sogro).
A minha mãe acordava a meio da noite para ver se tínhamos febre, para nos dar o antibiótico, mas aquecer o leite com mel.
A minha mãe nunca leu revistas de moda e nunca foi vaidosa, mas sempre nos vestiu bem, quentinhos e agasalhados.
A minha mãe nunca tirou um curso de cozinha, mas faz comida daquela deliciosa que apetece repetir uma e outra vez.
A minha mãe não teve uma educação artística, mas nunca me impediu e sempre me apoiou quando quis entrar na música, e no teatro.
A minha mãe merecia uma filha melhor, muito melhor do que eu, mas sabes mãe, eu estou ainda a aprender a ser mulher. Um dia serei assim como tu, assim calma, resistente, sensata, corajosa.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

CONTO...

Conto chegar à aldeia a meio da tarde de amanhã.
Conto sentir o cheiro a rabanadas e prová-las ainda quentes, como é costume.
Conto sentir o calor da cozinha aquecida a lenha e dos abraços da família que passa o Natal sempre connosco.
Conto ter-te ao meu lado, pela primeira vez, a saborear o bacalhau regado com azeite, as batatas cultivadas pelo meu pai e cozidas na panela preta de três pernas pela minha mãe.
Conto saborear as delicias de Natal (para o ano resolveremos os quilos a mais), cheiro a canela e açúcar e frutos secos em toda a casa.
Conto ouvir o sino da pequena capela, às 17h, a chamar esta gente humilde e sem vaidade para a missa.
Conto abrir os presentes, entre risos e gargalhadas como é sempre todos os anos.
Conto sentar-me à mesa, olhar silenciosamente em volta, e agradecer, por este momento, por esta família que cresceu contigo e que quero que continue a crescer.
Conto, ano após ano, fazer do Natal não uma época de consumo, pressas, compras, mas sim uma época de amor, compaixão, partilha, entreajuda, companheirismo.
Conto continuar a escrever, aqui e quem sabe noutros sítios, e continuar a sentir-vos desse lado.

FELIZ NATAL QUERIDOS LEITORES

Em vez de colocar a árvore de natal típica e as decorações lá de casa; os anjinhos; os DIY de tudo e mais alguma coisa; os presentes que quero e que o marido quer e que a mãe quer e que o gato quer; as sugestões de passagem de ano; as fotografias das rabanadas e dos sonhos e de todas as calorias que se ingerem nesta altura; os desejos para o novo ano (sobre isto talvez ainda vá escrever qualquer coisita); a roupa que se quer vestir no Natal e na passagem de ano...
Em vez disso, decidi desejar-vos um Feliz Natal com uma imagem do Verão, da praia, das roupas brancas e frescas, da areia quente e branca, dos pés morenos quase pretos.
Foi em Zanzibar. Saudades, muitas saudades de África!



Feliz Natal queridos(as) leitores(as)!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

ORGANIZAR

A vida afetiva é a única que vale a pena. A outra apenas serve para organizar na consciência o processo da inutilidade de tudo.

Miguel Torga



imagem daqui


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O QUE LEVO EU NA MINHA MALA?

Alinho religiosamente as coisas da minha secretária de uma forma sempre igual, sempre as coisas no mesmo sitio. Assumo que não lido bem com o fracasso. Não fico bem quando me chamam à atenção. Não gosto de falhar, ui, não gosto mesmo de falhar e às vezes falho. Não sou nada boa em discussões, nem tenho o dom da palavra. Digo muitas vezes “mas ele/ela não devia ter feito aquilo, está errado”, pensando ingenuamente que as pessoas podiam ser melhores. Tenho a minha carteira sempre muito bem organizada. Quase todos os dias tiro tudo, organizo e volto a meter na carteira.
Obsessiva? Acho que não. Eu gosto de lhe chamar organizada.







domingo, 15 de dezembro de 2013

[O MELHOR DO MEU DIA] AQUELE LUGAR QUE ME VIU NASCER

Já dizia o Tony Carreira :)

Com muito sol, o termómetro a marcar -3 graus que no Porto, boa comida e uns pais sempre de braços abertos para nos receber.
Cada vez dou mais valor aos lugares simples. E à comida simples. E às pessoas simples, sem vaidade ou conversa fiada.
É lá e no meio destas pessoas que vamos passar o nosso primeiro Natal juntos.

















sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

OS AGITADORES DA SOCIEDADE

A falta de produtividade de algumas pessoas enerva-me e é coisa para me deixar com os nervos em franja durante algum tempo.
Enervam-me aquelas pessoas agitadoras da sociedade. Aquelas que nos enchem os ouvidos com discursos de não conformismo. Com discursos de revolta. Com discursos de que tudo está mal.
Mas depois, são aquelas pessoas que passam a manhã pelos corredores a contar as notícias más a toda a gente. São aquelas pessoas que às 11 da manhã ainda nem um único minuto trabalharam.
E eu fico a pensar que é por causa destas atitudes que isto não vai para a frente. Porque muitas vezes perdem tanto tempo a espalhar o mal, que se esquecem que está nas mãos delas o tentar fazer melhor.
Eu sei que as coisas não estão fáceis. Sei, apesar de felizmente não o sentir, que o desemprego atingiu níveis históricos, que as famílias são obrigadas a viver cada vez com menos.
Não quero, contudo, que isto seja um texto sobre a situação económica do país. Primeiro, porque eu não sou boa a falar sobre economia, e segundo porque o meu objectivo aqui é falar de coisas positivas e de pessoas que nos inspiram.
Eu considero-me uma pessoa positiva e não gosto de alimentar notícias tristes, histórias sem final feliz, pessoas que se queixam por tudo e por nada.
Gosto de lutar, talvez porque sempre fui habituada a lutar para ter alguma coisa. Gosto de objectivos. Tenho sonhos, muitos deles concretizáveis. E é por isso que continuo a sonhar e a não baixar os braços.
Gosto de ler boas notícias, e até acho que devia existir um canal de televisão sobre isso.
Gosto de pensar que o amanhã vai ser um bocadinho melhor. Mas somos nós que temos de contribuir para isso. Nós próprios, com as nossas acções, as nossas mãos, a nossa cabeça. E não esperar por promessas dos outros. Nem esperar que nos venham salvar quando nos atiramos para uma piscina sem saber nadar. Há que ter umas aulas antes, para a coisa não correr mal.
Todos os dias leio blogues (e como eu gosto de os ler) de pessoas que me inspiram. Pessoas que tentam passar para a prática os seus sonhos.
E é nestas pessoas que eu penso, sempre que as notícias sobre o nosso país parecem não ser as melhores.
A vocês, fazedores, sonhadores, impulsionadores de um mundo melhor, inspiradores, criadores, o meu muito obrigada. É de pessoas como vocês que Portugal precisa, que o mundo precisa.