quinta-feira, 17 de abril de 2014

E porque hoje é quinta, mas é como se fosse sexta #2

so•nho |ô| so•nho |ô|
(latim somnium, -ii)
substantivo masculino
1. Conjunto de ideias e de imagens que se apresentam ao espírito durante o sono.
2. [Figurado] [Figurado] Utopia; imaginação sem fundamento; fantasia; devaneio; ilusão; felicidade; que dura pouco; esperanças vãs; ideias quiméricas.
3. [Culinária] [Culinária] Bolo muito fofo, de farinha e ovos, frito e depois geralmente passado por calda de açúcar ou polvilhado com açúcar e canela. = FILHÓ, FILHÓS
Plural: sonhos |ô|.

"sonho", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/sonho

 
Sempre fui muito sonhadora. Sonhava acordada, nos muitos tempos livres que tinha quando vivia na aldeia. Sonhava acordada tanto quando era Inverno, e o tempo não nos permitia brincar na rua, como quando era Verão, e as brincadeiras prolongavam-se noite adentro, até ouvir a voz alta e zangada da minha mãe pronunciar o meu nome que parecia fazer eco na aldeia. Sonhava acordada quando a minha mãe me obrigava a dormir a sesta naquele divã velho e azul exposto na sala onde as minhas tias costuravam, como quando chovia dias e dias seguidos e ficava dentro de casa a inventar jogos para mim e para o meu irmão.
Na primária sonhava com o quinto ano. Na escola básica sonhava com a secundária. Depois com a universidade. Sonhava que percorria o mundo num comboio velho de mochila às costas. Sonhava que entrava numa igreja de braço dado com o meu pai e vendo ao fundo o meu futuro marido. Sonhava com um emprego das 9 às 6. Sonhava em ser actriz. Cheguei a sonhar pertencer a uma companhia de circo. Sonhava em ser missionária em África. Sonhava em ser poeta. Sonhava em ser mãe de muitos filhos. Sonhava em ser escritora de contos para crianças.
A minha mãe, no alto da sua practicidade, dizia-me sempre para nunca tirar os pés da terra. Mas eu, que fingia não ouvir, voava sempre, de pára-quedas para o tombo não ser grande. Mas ía longe, muito longe.
Acreditei sempre que o mundo era maior do que aquele cantinho perdido no vale do rio. E ainda bem!
Sou e sempre fui assim, sonhadora. Não quero nunca deixar de o ser. Porque apesar de saber que muitas das coisas não são concretizáveis, outras são, à custa de muitas horas de sonhos e planos e persistência.


1 comentário:

Raquel Caldevilla disse...

Nunca deixes de ser sonhadora. É aquilo que mais gosto em ti :)