9h00: a sala está vazia. Entretanto começa a chegar gente, demoram tempo a sentar-se, demoram tempo no café, demoram tempo a começar.
10h00: os que chegaram continuam no café. Há quem ainda não tenha chegado.
11h00: está cá toda a gente. Ligam para casa, ligam para a mãe, para o marido, para a irmã, para a empregada porque é preciso lavar as janelas este fim-de-semana e aspirar melhor um cantinho da sala que parece ter ficado esquecido.
12h00: é hora de ir almoçar. Já está tudo cansado.
13h30: regressam do almoço, dizem que a comida não valia nada. Voltam a ligar para casa, para a irmã, mais recados para a empregada. Desfolham as promoções do Pingo Doce. Devoram as notícias do Metro. Marcam consultas para eles e para os seus. Aproveitam e falam um bocadinho de política, são críticos não construtivos, não tendo qualquer intervenção para melhorar as coisas.
14h00: Leêm o primeiro email do dia e acham que o mundo está contra eles. Barafustam, dizem que assim ficam malucos, que o trabalho é sempre para os mesmos.
15h00: é hora de ir tomar um café e fumar um cigarro. Já está tudo cansado.
16h00: Leêm o segundo email e desatam aos gritos ao telefone.
17h00: começam a pensar em ir embora. Dizem que amanhã é um novo dia.
18h00: já não está cá ninguém.
Numa sociedade onde a insatisfação existe, a ironia e o cinismo regem os modos de vida destas pessoas. A modernidade acaba por se torna num projecto utópico, pois deixam de querer aprender, inovar e sobretudo mudar.
Há quem não queira ir a lado nenhum. E eu não me importo, a sério. Só não gosto desta falta de ideais.
2 comentários:
É muito triste ver o que nos rodeia assim, com essa falta de vontade de viver. Não entendo e preocupa-me ver isso.
Parece um dia tipico num escritório algures em Portugal. E cada vez que lhes dás chutos no rabo para que andem para a frente, só protestam. Não sei se gente assim merece que se faça alguma coisa por ela.
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