A agenda abriu, soltaram-se todos os papéis, caiu tudo ao
chão. A agenda, os papéis, um sonho recente que tinha. A agenda abriu e aquilo
que tinha lá escrito e planeado desapareceu, levado pelo vento que irrompeu
pela janela da sala ou, quem sabe, pelas lágrimas que escorreram pelo rosto.
Por vezes a vida é assim. Baralha-nos os dias, troca-nos as
voltas, pára o carrossel que insistimos andar, muda-nos as horas do relógio,
bloqueia-nos a estrada que estávamos a seguir. Mas a Natureza, a mãe Natureza,
é a mais poderosa de todas as mães. Ela sabe o porquê de nos ter abrandado. Ela
sabe que não era a hora, nem o momento. Ela é sabedoria e amor.
Achamos nós que controlamos a nossa vida, que planeamos tudo
ao pormenor, que agendamos os momentos, os acontecimentos. Mas não. Obviamente
que é bom e saudável planear, ter uma agenda organizada onde cabemos nós e os
outros. Mas depois, depois há o inesperado. E para esse também temos de ter
espaço, não só no papel mas também no coração.
A agenda abriu, soltaram-se todos os papéis, caiu tudo ao
chão. Baixei-me, apanhei tudo e colei, bocado a bocado, na agenda que não se
quer cheia.
2 comentários:
De passagem por aqui entre afazeres, saio de coração cheio por um texto tão lindo e verdadeiro...
Eu disse que queria conhecer-te! ;)
E que bom que é conhecer alguém através de palavras tão bonitas.
Parmim
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