Sempre fui muito romântica. Via o mundo pintado de
cor-de-rosa, com pinceladas de um arco iris que me acompanhava em todos os
momentos. Sonhava com o casamento e filhos. Achava que iria ter sempre
paciência para tudo e para todos. Que os dias seriam passados numa parva e
saudável felicidade. Estão a ver aqueles anúncios na televisão onde está tudo
feliz, bonito, mesas carregadas de boa comida, miúdos bem comportados, pais
apaixonados? Pronto. Era assim que eu imaginava a minha vida. Tretas. Só
tretas. Se não é a sopa da mãe ou da sogra e uma comida aquecida, bem que
passávamos a semana a pizzas.
Ter filhos e manter uma relação de amor é um desafio. Nem
sempre concordamos em tudo o que diz respeito à educação dos filhos. Há
discussões, acertos, conversas chatas, opiniões distintas. Todos os dias nos é
apresentado um desafio. Normalmente, um desafio difícil, daqueles problemas
matemáticos que eu tinha de resolver na escola quando na verdade só me apetecia
fazer poemas, composições e analisar Camões.
Se vale a pena? Claro que vale. Sabemos que vale a pena
quando a vamos buscar à cama de manhã e sorri para nós. Ou quando nos estende a
mão para a agarrarmos. Ou quando nos abraça. Sabemos que vale a pena quando
ele, no meio dos lençóis, estende o pé para tocar no meu. Ou quando me abraça.
Ou quando fazemos piadas sobre as situações e nos rimos juntos, em gargalhas
que libertam a tensão. Sabemos que vale a pena quando sinto os pontapés na
barriga deste rapaz que cresce dentro de mim. Quando ela nos pede para desenharmos
o mano. Quando sabe e nunca mais se esqueceu do seu nome.
Seria ingrata se me queixasse da vida que tenho. Seria. Mas
só peço um bocadinho mais de paciência naqueles momentos em que apetece atirar
tudo às urtigas. Quando as urtigas nos picam, se colam nas nossas costas. Quando
deixamos que a voz suba de tom. Nesses momentos, talvez um banho quente, um
pijama lavado, um chá de camomila ajudem. É isso. É precisamente isso que vou
fazer da próxima vez. E ouvir Minta & The Brook Trout.
4 comentários:
tão bonito, tão real. Tão...oh como compreendo! bjs
Haja blogues sinceros, terra a terra ;) Nem tudo é perfeito, não acredito na perfeição, mas o importante é que no fim tudo vale a pena.
Acredito que ajuda muito pensar que, ter dias de deitar tudo ás urtigas, é um DIREITO que nos assiste. Não faz mal, não somos piores por isso. Não faz mal ir abaixo, não faz mal ter dias de menor paciência e darmos 2 berros que sabemos injustos, mas somos capazes de pedir desculpa aos nossos filhos, amigos, maridos e afins.
Tal e qual :)
No fundo descobrimos que o nosso mundo cor de rosa é mesmo assim, muito feliz e com grandes doses de falta de paciência e cansaço (e muitas preocupações) à mistura. Parece tudo um contracenso......mas acho que não é possível ser diferente ;)
Bjs e muita paciência (e amor também) *
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