Para quem, como eu, tem um emprego das nove às seis, torna-se por vezes dificil escrever um texto ou pensar num texto para escrever. Por vezes até penso, mas depois não há tempo para o publicar, para o alimentar com palavras. Muitos não chegam a passar de um título ou tópicos. Porque há emails que têm mesmo de ter seguimento imediato. Há telefones a tocar. Há um chefe. Há um open space com mais 10 pessoas.
Não estou com isto a queixar-me. Nada disso. Gosto bastante do que faço, da minha rotina diária, do emprego das nove às seis. Gosto do chegar e tomar aquele primeiro café da manhã, o que custa 20 cêntimos; de ler e tratar sempre todos os emails com o profissionalismo que me é conhecido; de parar uns 15 minutos pela manhã para beber o meu chá acompanhado de bolachas ou às vezes uma fruta; de me perder nos favoritos e vos ler, a todos, e pensar que vocês escrevem coisas tão bonitas, e tiram fotografias tão interessantes. E eu adoro saber-vos bem. Apesar de não vos conhecer, fazem parte de mim e do meu dia-a-dia. E ler-vos faz-me feliz.
Entretanto chega a hora de almoço. Almoço numa cantina, não é giro? Vem a tarde, vêm mais emails, vêm mais umas leituras aos vossos blogues. Vêm as seis e vem um marido buscar-me. Juntos regressamos a casa e, se Deus quiser, amanhã será tudo igual. São os chamados dias da marmota, ou “Groundhog Days”. Para quem não sabe o que é, aconselho uma rápida leitura aqui, ou verem este filme maravilhoso.
Se eu gostava de ter um trabalho diferente? Às vezes. Só naqueles dias de chuva (têm sido todos, não é), de trânsito caótico, de segundas-feiras de pouca paciência. Do desejo de ficar por casa, enrolados na manta mais quentinha e cheirosa do mundo.
Depois passa. Na verdade eu gosto disto. Sou uma mulher de rotinas e horários. Chego por vezes a ser rígida demais e sofrer com isso. E talvez seja por isso que este emprego das nove às seis se encaixa na perfeição na minha pessoa.
Se eu tenho aspirações? Sim, tenho. Até considero acumular um possível negócio fora daqui. Negócio esse que ainda anda a ser estudado, analisado e sonhado. Mas que por enquanto continua a viver na noite, ao lado das muitas estrelas que pincelam o céu (não as vemos mas elas estão lá). Eu gostava que um dia ele visse a luz do sol. E ficasse iluminado com os raios de luz. E crescesse, como uma flor quando chega a Primavera.
Por enquanto continuarei por aqui, das nove às seis, e por aí em diante.
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