quarta-feira, 20 de novembro de 2013

SER CRIANÇA A VIDA TODA...COM SOUTIEN!


Eu tinha medo de crescer. Tinha medo de ser mulher e desejava ser criança a vida toda. Tinha vergonha quando falavam em soutiens e outras conversas que as mulheres já adultas tinham, e eu, cheia de vergonha, ouvia.
Eu gostava era de brincar. De inventar jogos todos os dias. De andar de bicicleta com o meu irmão e fazer saltos (na altura eu pensava que eram grandes saltos, mas na verdade eram saltinhos, assim muito pequeninos, sabem?). Eu queria era poder ir para a escola, chegar a casa e fazer os trabalhos de casa, e depois gritar “Oh Rosinha, anda brincar comigo!”. E lá íamos, as duas com enormes cabelos que faziam enormes tranças. Ía lanchar, dizer à minha mãe onde estavamos naquela tarde e depois só regressava a casa para jantar. Às vezes era necessário a minha mãe chamar pela pequena rebelde várias vezes. Entretinha-se muito facilmente nas brincadeiras e esquecia o horário.
Um dia, como eu já previa há algum tempo, veio a história do soutien. Ou porque a menina já não é nenhuma menina. Ou porque parece mal andar a correr assim. Ou porque…
Envergonhada, muito envergonhada, lá o coloquei. Escusado será dizer que nos primeiros dias queria era tirar aquilo. Mas fui-me habituando.
E com o soutien, veio também um sentimento de responsabilidade maior (eu sabia que a partir daquele momento eu deixaria de ser tão criança).
Tinha 13 anos. Tarde, eu sei. Mas ainda bem. Porque até essa idade eu fui a criança mais feliz, mais aventureira, mais imaginativa, mais conversadora, muitas vezes maria rapaz, que consegui.
Foi como se tivesse começado um novo ciclo. O ciclo de mulherzinha.

Hoje continuo a ser a mesma mulher feliz, aventureira, imaginativa, boa conversadora, mas não tanto maria rapaz. Continuo a ter receios de todas as novas etapas que ainda vou percorrer ao longo da minha vida. Mas sei, porque sei e porque sinto, que serão todas etapas boas. Algumas já as comecei. Outras irão um dia começar. E espero estar sempre à altura de todas elas. Porque, como dizia a minha mãe quando eu tinha 13 anos e coloquei um soutien: “Tu vê lá, agora porta-te bem. Já és uma mulherzinha”.

3 comentários:

Raquel Caldevilla disse...

:) adoro. principalmente porque me revejo completamente nessas palavras :)

Joana Maria disse...

Hoje a minha atenção perdeu-se aqui, nos meandros deste blog. Já te leio há uns tempos, mas sou uma "lurker", não costumo comentar. Vou ser melhor nisso, porque sei que é bom saber que há quem lê. E isto tudo para dizer que este post me fez sorrir, porque também me revejo nesta história. E eu chorava quando os meus pijamas me deixavam de servir. Porque tinha pena dos pijamas, e porque queria ser pequenina para sempre!

andorinha disse...

Tão bom receber comentários desse lado! Mas eu também sou assim em tantos blogs...leio mas não comento! Erro nosso!
Também eu queria ser pequenina para sempre :)