segunda-feira, 16 de novembro de 2015

viver




Precisei de comprar o livro "A coragem de ser imperfeito". Precisei de perceber que erro muitas vezes, que sou normal e que não tenho intenção de ser anormal. Precisei que bater com a cabeça, de bater com os pés no chão, de bater com a porta que tem escrito "ser perfeito". Precisei de sentir que o caminho não era aquele, não, o caminho não era definitavamente aquele.
Tento, apesar de todas as dificuldades que sinto, parar de vez em quando para reflectir. Tento, pelo menos tento, não andar com a vida em modo velocidade furiosa. Por vezes lá me esqueço e regressa toda aquela ansiedade, a exigência, a preocupação, a necessidade de fazer bem.
 
As noites têm sido desgastantes. Não durmo mais de 2 horas seguidas. A Sofia acorda, chora, levanto-me, meto-lhe a chupeta, adormece. 30 minutos depois acorda, chora, levanto-me, meto-lhe a chupeta, adormece. Têm sido assim os últimos dias, ou melhor, últimas noites. A miúda, que sempre foi um autêntico anjo à noite, não dorme sossegada. Não sei se são os dentes (que ainda não tem), se é o nariz que fica sempre congestiado à noite. Sei que desgasta, cansa, esgota.
 
Os dias não são perfeitos. As noites muito longe disso. Não há tempo para nós. Não há tempo para namoros, para aquele corte de cabelo, para pintar as unhas de vermelho. Não há tempo para assados, para um bolo de maçã, para uma bebida à noite.
Mas isto é o que se chama de família perfeita, certo?
 
Apesar de tudo, e de todos os contratempos, olho para eles (para ele e para ela) e sinto o quanto os amo. Para isso há tempo. Para isso, o tempo parou, desde o dia que o vi, naquele dia 4 e desde o dia que a vi, naquele dia 24.
 
 Foto: no meu quarto, na minha aldeia, no dia do sim, num dos dias mais felizes da minha vida.

 

Sem comentários: